domingo, 20 de março de 2011

Waldirene - A Garota Papo Firme



WALDIRENE cujo sobrenome é Fraraccio, descende de italianos, e nasceu em São Paulo, na capital, num dia 24 de novembro.
É uma mulher bonita, de olhos verdes e que encantou os jovens nos anos sessenta como seu rock, cujo refrão dizia: “Sou a garota papo firme que o Roberto falou...”



WASHINGTON MORAIS ENTREVISTA WALDIRENE

Washington : Como você iniciou sua carreira artística?

Waldirene : Minha família sempre teve fortes tendências musicais.
Junto com meu irmão Wagner cheguei a formar vários grupos amadores.
Até que um dia juntei-me com algumas colegas e criamos um conjunto feminino chamado “As Gatas”, ano 1967.
Nós iríamos fazer uma apresentação em homenagem ao “Dia das Mães”.
A irmã do Ademar Dutra fazia parte do grupo e ele foi assistir à apresentação.
Eu cantei sozinha “Dio come ti amo”. Quando acabei o público gostou e pediu bis.
O Ademar Dutra me fez um convite um convite para gravar e levou-me até a RCA Victor e o produtor Ramalho Neto contratou-me imediatamente.
Gravei um compacto com as músicas “Garota do Roberto” e “Só Vou Gostar de Quem Gosta de Mim” e em 30 dias a música já estava em primeiro lugar no Brasil inteiro.


Washington – Este sucesso repentino modificou a sua vida ?

Waldirene: Sim, de repente eu estava fazendo televisão, shows, viagens e não dava mais para estudar. Saí do colégio. Tive que aprender a lidar com dinheiro, estava assustada.
Minha vida deu uma guinada de 180 graus.
De uma estudante pacata, de um colégio, até outro dia, para logo em seguida estar ao lado do Roberto, Erasmo, e tendo artistas importantes como colegas de profissão.
Lancei a mini-saia acompanhada de botinhas, inclusive o jornal “O Estado de São Paulo” chegou a fazer uma matéria comigo sobre o assunto.


Washington: E como se processou o seu ingresso na Jovem Guarda ?

Waldirene: O Chacrinha ia fazer uma homenagem ao produtor do programa Jovem Guarda, que era o Carlos Manga e haveria a participação de todos os grandes astros da época. Fui convidada para participar deste evento.
O Roberto Carlos, inclusive, seria a última atração; e qual não foi a minha surpresa, quando fui chamada pelo Chacrinha para cantar junto com o Roberto.
Ao terminar o programa, logo em seguida assinei um contrato de exclusividade para a “Jovem Guarda” da TV Record.
Daí em diante participei do mesmo até o seu término, que ocorreu em 1970. O Roberto Carlos saiu um ano antes, Wanderléa e Erasmo ficaram até o fim.

Washington: Como era o comportamento dos artistas da Jovem Guarda ?

Waldirene: A maioria dos artistas, por serem jovens e inexperientes, não tinham cabeça. Não sabiam aplicar bem o dinheiro que ganhavam. Trocavam de carro toda hora. Davam festas caríssimas para comemorar aniversário ou coisa parecida e convidavam os demais colegas. O anfitrião, nestas ocasiões, sempre pagava altas contas. Lembro-me do aniversário de uma colega nossa, cujas despesas foram bem elevadas, chegamos a reservar uma boate. Tudo isto eram formas de compensação, pois não podíamos freqüentar uma praia, sair à rua como qualquer pessoa, só mesmo com algum disfarce. Não tínhamos digamos assim, uma adolescência normal, portanto ficávamos muito unidos, formando quase uma espécie de clube fechado. Uma espécie de família.

Washington: E a sua discografia, poderia relacioná-la ?

Waldirene: Bem, na RCA-Victor eu gravei 11 compactos simples:

1 - Garota do Roberto – 1967
2 - Tempestade em Copo D’Água – 1967
3 - Suas Mãos – 1968
4 - Eu Preciso de Carinho – 1968
5 - Não Era Amor – 1968
6 - Meu Benzinho - 1969
7 - A culpada Sou Eu – 1970
8 - Eu Te Amo, Tu Me Amas – 1970
9 - Nosso Amor – 1970
10 - Trem Fantasma – 1971
11 - Sou rebelde – 1972
Em seguida ingressei na Continental e gravei 3 compactos simples:
1 - Fala – 1973
2 - Meu Velho Avô – 1974
3 - Taka-Taka – 1974
Na Tapecar, gravei dois compactos:
1 - Você é o Homem da Minha Vida
2 - Quando Você for embora
E finalmente na Copacabana, mais 4 compactos:
1 - Ama-me Uma Vez Mais - 1980
2 - Quero Ser Livre – 1981
3 - Sonhar Entre as Nuvens – 1981
4 - Canta Menino – 1982

Washington: E pra finalizar, quem compôs a música "Garota do Roberto”?

Waldirene: Foram o Carlos Imperial e o Eduardo Araújo, e esta música é uma espécie de resposta à “Garota Papo Firme” do Roberto Carlos.


Flavio Voven - Da Engenharia Para a Jovem Guarda



Flávio Voven foi um jovem cantor do período da Jovem Guarda.
Iniciou sua carreira artística nos programas de Julio Rosemberg, na TV Cultura canal 2 em São Paulo, ao lado de Arturzinho, Djalma Lúcio, Os Caçulas e outros.
Seu maior sucesso foi a música “O Solitário” de Olmir Stocker, mais conhecido como “Alemão”, o mesmo autor de “O Caderninho” gravado por Erasmo Carlos.
Atualmente trabalha como empresário nos ramos da construção civil, hotelaria e agropecuária.


WASHINGTON MORAIS ENTREVISTA FLÁVIO VOVEN

Washington - Flávio conte-nos um pouco sobre sua vida?

Flávio Voven - Meu nome completo é Flávio Vasques de Oliveira.
Nasci no dia 19 de fevereiro de 1945 na cidade de Santos-SP.
Tive uma infância classe-média, não sobrava e nem faltava dinheiro.
Fui filho único até os treze anos. Estudei no Colégio Irmãos Maristas em Santos e em 1965, entrei na faculdade de Medicina em Botucatu.

Washington - E como iniciou sua carreira artística?

Flávio Voven - Na década de 60 houve uma explosão do rock no mundo inteiro e no ano de 1967 eu achei que precisava ganhar algum dinheiro; procurei o Julio Rosemberg em São Paulo e fiz um teste onde fui aprovado para participar de seus programas de televisão.Dias depois, fui contratado pelo Geraldo Alves, que era empresário do Roberto Carlos, e logo em seguida ingressei na gravadora Continental, onde gravei o meu primeiro disco.

Washington-  E como ficaram seus estudos?

Flávio Voven - Tive que parar a faculdade no segundo ano, dado as exigências da carreira e passei muitas dificuldades; fui morar num prédio na Baixada do Glicério, em São Paulo, e pela manhã, antes de ir batalhar a divulgação do meu disco, fazia minha única refeição do dia: um copo de leite com açúcar e um ovo cozido com água quente.
E para não perder a disposição, li um livro me ajudou muito: “Paradoxos” de Max Nordan.

Washington- E como eram seus momentos de lazer?

Flávio Voven- Nas horas de folga ia para Jequitimar, no Guarujá ou para a represa Billings, remar, pescar ou mesmo nadar.E o interessante é que a letra de “O Solitário” retrata bem o meu estado de espírito: (Na imensidão vive assim/Um solitário a vagar/Num horizonte sem fim/Um caminho a buscar/Sempre a cavalgar/O mundo inteiro é seu lar/Sempre a justiça buscar/E apesar de querer/Um alguém para amar/Nunca há de encontrar/Em nenhum instante há de parar/Para sonhar/Só na incerteza do amanhã/Irá viver/Sem tristeza, com certeza/Solitário vai morrer/O mundo inteiro é seu lar/Sempre a justiça a buscar/E apesar de querer/Um alguém para amar/Nunca há de encontrar.)

Washington - E nos anos 70?

Flávio Voven- Fui procurar profissões mais ortodoxas, ingressei na construção civil e trabalhei como construtor até 1979; minha empresa chamava-se Construtora Ventura. Nos anos 80 parti para o ramo da hotelaria, onde tornei-me empresário; em seguida passei a criar cavalos e mais recentemente passei a dedicar-me a pecuária.

Washington - E para finalizar, fale-nos um pouco sobre sua família.

Flávio Voven -  Meu pai era diretor da empresa Telefônica de São Vicente quando comecei minha carreira, e me incentivou muito; depois de abandonar a carreira artística casei-me e tive dois filhos: Leandro (1974) e Conrado(1979); separei-me e hoje levo uma vida dedicada ao trabalho.


Vídeo:


Os Gêmeos - De Londrina para a Jovem Guarda


Dupla vocal formada pelos irmãos gêmeos Alexandre e Luis Bruno Mulinari, natural de Londrina, (02/11/1945) e que participaram do movimento da Jovem Guarda.
Gravaram alguns discos, protagonizaram um filme, atuaram em diversos programas de rádio e televisão e foram até candidatos a vereador em sua cidade natal. Vamos deixar que contem sua história:


 

WASHINGTON MORAIS ENTREVISTA "OS GEMEOS"

Washington – Como começou a carreira dos Gêmeos?

Luis Bruno - Iniciamos em 1964 no programa Edson Diniz, na TV Coroados Canal 3 de Londrina. Fizemos muitos programas de calouros ganhando vários prêmios, além de inúmeras apresentações pela região. Em 1966 decidimos vir para São Paulo tentar a sorte.

Washington – E o que aconteceu?

Luis Bruno- Fomos morar no prédio Zarzur, na Av. Prestes Maia, no apartamento de um parente.
Na capital paulista, apresentamo-nos em inúmeros programas de televisão, dentre eles: “A Grande Chance” de Flávio Cavalcanti, “Bolinha” na Tv Bandeirantes, “Dercy Gonçalves”, “Moacyr Franco” na Tv Tupi e muitos outros.


Washington – E a primeira gravação?

Luis Bruno - Em 1968 recebemos um convite para gravarmos um disco na Copacabana tendo como produtor Paulo Rocco; gravamos um compacto simples com as músicas: “Poporipupó” e “El Momento de Vida” e com o disco em mãos, percorremos os corredores das rádios fazendo a sua divulgação.


Washington – E como era o ambiente na época?

Luis Bruno - Nós encontrávamos vários outros artistas dentre os quais Roberto Leal, Nelson Ned e Antônio Marcos também “caitituando” seus discos.
O compacto fez algum sucesso e fomos convidados a participar de programas de grande audiência da TV Record, dentre eles: “Show em Si...monal” e “Jovem Guarda”.
Roberto Carlos nos chamava carinhosamente de “Meus pupilos”.
Passada a fase da Jovem Guarda, entre 1968 e 1973 fomos contratados pelo Silvio Santos; além da televisão fazíamos também a Caravana do Baú.


Washington – E a partir de 1974, o que aconteceu?

Alexandre - Retornamos novamente ao disco e gravamos um compacto duplo pelo selo Mobdisc, com as músicas: "Nega, Bronca e Televisão" (samba), "Vejo no Céu" (rock), "Julião" (samba) e "Piu-Piu" (samba). Em 1985 sob a direção de Ubiratan Gonçalves, atuamos no filme “Sonhos e Confusões de Dois Caboclos na Cidade”, gravamos um Lp com o mesmo título, que trazia a trilha-sonora do filme com destaque para a música “Cantando, Cantando”, feita por nós em parceria com Tonico e Tinoco, pela gravadora Itaipu, do Marcílio Castioni e começamos a participar de programas de música sertaneja.


Washington – Vocês já tiveram alguma atuação política?

Alexandre - Em 1992 decidimos voltar a nossa terra natal – Londrina - e resolvemos ingressar na política local; nos filiamos ao PFL e fomos candidatos a vereador, só que em vez de fazermos os registros individuais, registramos apenas o nome Os Gêmeos e apesar da votação expressiva que obtivemos, nosso registro foi impugnado, por conta desta irregularidade.
O assunto foi manchete até em programas de rede nacional como o “Fantástico” da Rede Globo e a matéria chegou a ser veiculada no Japão.


Washington –Como vocês vivem atualmente?

Luis Bruno - Continuo residindo em Londrina; montei e gerencio uma lanchonete no centro da cidade, e o nome não poderia ser outro: “Lanchonete Os Gêmeos”.

Alexandre - Resido em Ibiporan, uma cidade vizinha e trabalho também no comércio, só que ao contrário do meu irmão, não sou patrão, sou empregado. E para ilustrar, Ibiporã quer dizer “Terra Bonita”.
Para não fugir ao ditado popular: “O bom filho a casa torna”, hoje vivemos na mesma região que nos viu crescer antes de irmos em busca da fama.

domingo, 13 de março de 2011

Alice no País da Jovem Guarda


Ela era o que se poderia chamar de criança-prodígio, pois muito cedo começou a se apresentar em programas de televisão, cantando e encantando. Era uma garotinha esperta que logo chamou a atenção dos produtores, daí sua vida tomou um novo rumo e quando percebeu já estava contratada como apresentadora e cantora, na década de 1960. Vamos ver como isto aconteceu em sua vida.


WASHINGTON MORAIS ENTREVISTA ALICE

Washington – Como começou sua carreira?
Alice – Com três anos de idade, eu já cantava em minha cidade natal – Guararapes, no interior de São Paulo; em seguida meus pais vieram morar em Araçatuba.
Continuei apresentando-me em programas infantis nas rádios locais, quando fui observada por um destes chamados “descobridores de talentos” e fui contratada para o Canal 2, da capital, que ainda pertencia às Emissoras Associadas, do Assis Chateaubriand.
Passei a apresentar um programa musical com jovens talentos, chamado “Alice no País da Juventude” nos mesmos moldes do programa “Jovem Guarda”. Isto no ano de 1967.


Washington – E depois o que aconteceu?

Alice O meu produtor que era o Fernando Negreiros, por sinal, um profissional brilhante e incansável, e que nos dava muito apoio, além de ser amigo de todas as horas, transferiu-se para a TV Excelsior, canal 9, e me fez um convite para acompanhá-lo também na outra emissora, o que fiz de bom grado.


Washington – E qual foi o novo desafio a ser enfrentado?

Alice
No ano seguinte, em 1968, através de sua direção passei a apresentar o programa “New Face”, às segundas, quartas e sextas-feiras, no horário das 14hs às 15hs.
Nesta época eu tinha apenas 14 anos de idade, inclusive recebi alguns elogios por ocasião do lançamento do meu novo programa e numa revista, a jornalista assim o descreveu “New Face” – o mais recente programa, traz de volta a irriquieta garota, comandando como gente grande, um programa destinado à extraordinária repercussão.”


Washington – E você chegou a gravar algum disco?

Alice - Sim, neste mesmo ano, a gravadora Fermata me contratou e gravei um compacto simples com as músicas “O Telefone” uma canção italiana de Nino Ferrer, com versão de Fred Jorge, e no lado B, também uma versão, feita por Lílian Knapp, (da dupla Leno e Lílian) que se chamava "1,2,3,4,5,6,7".

Washington – Nesta época você tinha um apelido muito carinhoso, como é que você era chamada ?

Alice –Talvez por eu ser franzina, todos me tratavam como “Alicinha”.


Washington – Pra finalizar como era a letra da música “O Telefone?”

Alice “Eu vou telefonar legal/ Alguém eu vou chamar/ Pra conquistar/ O Marquinhos é um amorzinho / O Erasmo usa o caderninho / O Roberto quando namora é papo firme e muito esperto/ O Serginho é um galã / O Eduardo não nego que é um pão/ O Ronaldo que é tão bom/ quando me chama esquenta o telefone. / Eu vou telefonar legal/ Alguém eu vou chamar /Eu vou discar/ Alô ?"




Vídeos





Comunidade no Orkut

http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=91867728

Pelos Caminhos do Rock ...



Comecei a interessar-me pelo rock através do cinema - com James Dean ("Rebel Without Cause" / "Juventude Transviada") e Marlon Brando ("The Wild One" / "O Selvagem") interpretando jovens delinquentes, que embora não tivessem uma trilha-sonora rock n' roll, inovavam com sua atitude rebelde. Mas o rock só entraria mesmo no filme "Blackboard Jungle"  / "Sementes da Violência", que apresentava o envolvente "Rock Around The Clock" com Bill Haley & His Comets.
A partir daí, passei mais de 40 anos  coletando materiais sobre o assunto e principalmente o Rock Nacional. Em minhas pesquisas, conheci e fiz amizade com diversos artistas representativos de todas as vertentes do rock.
Em 1997 lancei pela Edicon a biografia "Nora Ney - A Pioneira do Rock no Brasil", onde para surpresa de muitos, relato a histórica gravação de "Rock Around the Clock" por uma intérprete feminina, comunista, cantora de fossa e que por mero acaso talvez, ou por seu bom inglês, tornou-se a primeira roqueira do país.
Mas a minha especialidade é a Jovem Guarda, principalmente os "esquecidos" pela mídia. Um pouco de meu acervo pode ser encontrado em programas que realizo no Youtube: www.youtube.com/washingtonmorais.
Agora venho através deste blog, reunir histórias, memórias  e entrevistas dos personagens que fizeram parte deste importante movimento musical dos anos 60.